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Clube de Colecionadores do MAM São Paulo marca presença na 3ª edição da ArPa Feira de Arte

Museu de Arte Moderna de São Paulo integra o grupo de expositores institucionais presentes na 3ª edição da ArPa Feira de Arte, evento realizado até 30 de junho no Mercado Livre Arena Pacaembu, na zona oeste de São Paulo. O MAM leva obras de George Love, André Ricardo e Lucia Laguna que compõem a edição de 2024–2025 do Clube de Colecionadores, e também um conjunto de obras de edições emblemáticas realizadas nos últimos vinte anos, reunindo os artistas Arcangelo Ianelli,Ernesto NetoHércules Barsotti, Laura Lima, Sérvulo Esmeraldo, Vânia Mignone e Tatiana Blass.

Edição 2024/2025

A edição atual do Clube de Colecionadores tem curadoria de Cauê Alves, curador-chefe do MAM. A serigrafia de André Ricardo é feita a partir de pintura sem título que o artista apresentou na exposição Mãos: 35 anos da Mão Afro-Brasileira, exibida no MAM recentemente. “Ao mesmo tempo que podemos relacionar sua produção com a arte construtiva geométrica, seu trabalho traz também algo de artesanal, de manual. O chamado ‘popular’ e a ‘cultura erudita’ convivem sem conflito na obra de André Ricardo. Em suas pinturas recentes, algumas referências à cultura afro-brasileira são recorrentes, mas nem sempre evidentes”, comenta o curador.

Já a fotografia de George Love (1937 – 1995) evoca aquilo pelo qual o fotógrafo afro-americano mais se destacou: imagens aéreas da região amazônica. Em texto sobre a obra, o curador-chefe do MAM diz que “a paisagem que mostra um rio tortuoso em tons dourados pelo reflexo não possui linha do horizonte. A imagem pode ser comparada também a um raio silencioso, uma forte descarga elétrica na atmosfera que não produz ruídos, mas pode provocar incêndios”.

Lucia Laguna integra esta edição do Clube com duas serigrafias, e ambas  partem de um diálogo com o jardim com o qual a artista convive em seu ateliê, no bairro de São Francisco Xavier, no subúrbio do Rio de Janeiro. Cauê Alves comenta que, ao mesmo tempo que são linhas, as obras “são massas de cor sobrepostas, colagem de fitas com tinta acrílica que formam motivos florais. Lucia Laguna trata o resultado como desenho e colagem, já que estão próximas do universo da representação gráfica e da justaposição de elementos”.

Obras históricas do Clube de Colecionadores
Selecionadas por Gabriela Gotoda, da curadoria do MAM, as obras de edições anteriores do Clube de Colecionadores apresentam alguns dos trabalhos mais emblemáticos feitos para o programa. A curadora explica que “transitando sem cerimônia entre a gravura, a fotografia e a escultura, as obras a um só tempo desafiam os procedimentos estéticos convencionais e demonstram a transdisciplinaridade da arte contemporânea e dos comissionamentos do Clube do MAM nas últimas décadas”.

Na xilogravura Noite e Dia (2009) do artista carioca Ernesto Neto, cuja produção se expressa principalmente em esculturas e instalações imersivas que estabelecem diálogos conceituais sobre a natureza e seus elementos, a curadora Gabriela Gotoda conta que “dois signos universais de tempo e espaço são evocados: a noite e o dia”.

As gravuras do paulistano Hércules Barsotti e do cearense Sérvulo Esmeraldo foram realizadas a partir de duas técnicas distintas: a serigrafia e a litografia. Na gravura sem título (1985/2006), Barsotti partiu de uma pintura de 1985 para fabricar a imagem impressa, com campos cromáticos que variam entre o azul e o vermelho em formatos triangulares distintos. De acordo com Gabriela, “de forma sumária, essa obra representa experimentos óticos e formais que Barsotti elaborou ao longo de sua produção e que contribuíram para a tradição da arte construtivista no Brasil”.

Em Seu nome como título (2010), obra que Laura Lima realizou para o Clube de Colecionadores do MAM,  ela projeta seu trabalho para a dimensão do espaço e do corpo do espectador ao produzir um objeto-máscara com uma folha de papel recortada, um fio de barbante e um suporte em acrílico. “Este comissionamento do Clube é um exemplo das proposições que desafiam os limites das linguagens tradicionais da arte, emprestando de uma ou de outra os princípios necessários para conformar a sua única condição: a possibilidade de ser reproduzida”, conta Gabriela Gotoda.

Já a litogravura sem título (2015) de Sérvulo Esmeraldo, um dos precursores da arte cinética no Brasil, também se insere na tradição de Barsotti, ao mesmo tempo que apresenta concisamente as formulações do artista sobre uma tridimensionalidade expandida para além da matéria. A curadora explica que “na obra, uma área retangular sem cor parece se aprofundar para dentro do plano, de onde emergem áreas coloridas em verde e cinza, que sugerem volume e sombra virtuais, produzidas pelo suposto aprofundamento”.

As obras comissionadas da campinense, Vânia Mignone, e da paulistana, Tatiana Blass, foram realizadas a partir da combinação de procedimentos da gravura, fotografia e da pintura. A produção de Mignone é marcada por um desenho cuja densidade e força do traço remete à xilogravura, mesmo nas pinturas pelas quais a artista é reconhecida. Na obra Paisagem (2006) produzida para o Clube do MAM, a artista realizou uma impressão xilográfica em formato horizontal.

O tríptico Delta Del Tigre – Naufrágio (2012) de Tatiana Blass incorpora a serigrafia como um procedimento de pós-edição das imagens fotográficas. O trabalho retrata a paisagem fluvial da cidade de Tigre, na Argentina, localizada no delta do Rio Paraná e rodeada por canais e pequenos rios. Elaborada a partir de um desenho inédito, a edição comemorativa da escultura sem título (1990/2023) de Arcangelo Ianelli (1922 – 2009) possui o aspecto fosco de suas pinturas. Gotoda explica que é um trabalho que “também evoca a busca vitalícia do artista pela essencialidade, da cor e da forma”.

Sobre o Clube de Colecionadores do MAM
Historicamente dividido entre Clube de Gravura e Clube de Fotografia, o Clube de Colecionadores do MAM São Paulo foi unificado a partir de 2021. O programa, criado há quase 40 anos, tem como objetivo incentivar o colecionismo, torná-lo mais acessível e fomentar a produção artística nacional. 

Sobre os artistas:
Arcangelo Ianelli (São Paulo, São Paulo, 1922 – idem 2009)
Pintor, escultor, ilustrador e desenhista. Inicia-se no desenho como autodidata. Em 1940, estuda perspectiva na Associação Paulista de Belas Artes e, em 1942, recebe orientação em pintura de Colette Pujol (1913-1999). Dois anos depois, freqüenta o ateliê de Waldemar da Costa (1904-1982) com Lothar Charoux (1912-1987)Hermelindo Fiaminghi (1920-2004) e Maria Leontina (1917-1984). Durante a década de 1950 integra o Grupo Guanabara juntamente com Manabu Mabe (1924-1997)Yoshiya Takaoka (1909-1978)Jorge Mori (1932)Tomoo Handa (1906-1996)Tikashi Fukushima (1920-2001) e Wega Nery (1912-2007), entre outros. A partir da década de 1940, produz cenas cotidianas, paisagens urbanas e marinhas, que revelam grande síntese formal e uma gama cromática em tons rebaixados. Por volta dos anos 1960, volta-se ao abstracionismo informal e produz telas que apresentam densidade matérica e cores escuras. No fim dos anos 1960, sua obra é ao mesmo tempo linear e pictórica, onde se destaca o uso de grafismos. Já a partir de 1970, volta-se à abstração geométrica e emprega principalmente retângulos e quadrados, que se apresentam como planos superpostos e interpenetrados. Atua ainda como escultor, desde a metade da década de 1970, quando realiza obras em mármore e em madeira, nas quais retoma questões constantes na obra pictórica. Em 2002, comemora os seus 80 anos com retrospectiva montada pela Pinacoteca do Estado de São Paulo e em 2023 ganhou uma retrospectiva póstuma de seu centenário no MAM São Paulo.

André Ricardo (São Paulo, SP, 1985 – vive em São Paulo)
Formado em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, André Ricardo realizou diversas exposições individuais e coletivas no Brasil, Portugal e, mais recentemente, na Espanha. Suas obras integram coleções privadas e acervos públicos como o Instituto Inhotim (Brumadinho/MG), Museu de Arte de Ribeirão Preto (Ribeirão Preto/SP), Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília (Brasília/DF), Museu Casa do Olhar Luiz Sacilotto (Santo André/SP).

Laura Lima (Rio de Janeiro, RJ, 1971 – vive no Rio de Janeiro)
Seres vivos e arquitetura são alguns dos elementos integrantes da obra de Laura Lima, que inclui em seu ofício como artista a ‘práxis’ vital do tempo da experiência – participante e do espectador na obra – e o fazer filosófico, variando de meios – desde bordados à mão a organizações ativistas e chamamentos abertos –, e utilizando ferramentas técnicas que expõe um contraste poderoso com suas referências visuais. Transformar o espaço em uma obra viva, um organismo abrangente, na qual a experiência do espectador no ambiente construído é central para o significado da obra, é um exemplo de apresentação criada por Laura.

Lucia Laguna (Campos dos Goytacazes, RJ, 1941- vive no Rio de Janeiro, RJ)
Professora de Língua e Literatura Brasileira, Portuguesa e Latina. Após aposentar-se frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ) e assim teve início sua trajetória como pintora. Participou da 30ª Bienal de São Paulo (2012). Desde então, teve grandes exposições individuais, como Vizinhança, MASP (2018), e Enquanto bebo a água, a água me bebe, MAR (2016), e em galerias como Cristina Guerra Cantemporary Art (Lisboa), Karsten Greve (Paris), Sadie Coles (Londres) e Fortes D’Aloia Gabriel (SP/RJ), que a representa desde 2010. Seu trabalho está nos acervos públicos do MASP, MAM São Paulo, MAM Rio, MAR, Pinacoteca de São Paulo, entre outros.

George Love (Charlotte, Carolina do Norte, EUA, 1937 – São Paulo, SP, 1995)
George Leary Love foi um fotógrafo afro-americano que desenvolveu uma trajetória extremamente prolífica no Brasil entre as décadas de 1960 e 1980. Formado em Matemática e Filosofia da Arte, iniciou uma carreira bem-sucedida na fotografia quando passou a morar em Nova York no início dos anos 60. Participou do Association of Heliographers, grupo que tinha como membros nomes importantes da fotografia estadunidense. A convite de Claudia Andujar, veio para o Brasil na segunda metade dos anos 60, viajando com ela pela região amazônica. Ambos fizeram ensaios para a revista Realidade em 1971 e lançaram o livro Amazônia, em 1978. George Love se destacou pelas fotografias aéreas, num período em que isso não era tão comum, mas também por seu trabalho comercial.

Ernesto Neto (Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1964)
Artista plástico da cena brasileira de arte contemporânea. Sua obra se situa entre a escultura e a instalação, destacando-se pelo uso de materiais diversos, pelo caráter lúdico e pelo agenciamento do corpo e do espaço.

Hércules Barsotti (São Paulo, SP, Brasil, 1914 – 2010)
Pintor, desenhista, programador visual, gravador, foi pioneiro na arte concreta no Brasil, realizando suas primeiras obras nesse estilo e também trabalhando como desenhista têxtil e designer de figurinos para teatro. É conhecido por explorar a cor e as possibilidades dinâmicas da forma, utilizando formatos de quadros pouco usuais, como losangos, hexágonos, pentágonos e circunferências. Suas composições criam uma ilusão de tridimensionalidade que é distintiva em sua obra.

Sérvulo Esmeraldo (Crato, CE, Brasil, 1929 – Fortaleza, CE, Brasil, 2017)
Um dos mais completos artistas brasileiros, reconhecido no Brasil e no exterior, tinha domínio de várias técnicas, do entalhe à xilogravura, passando pela utilização de tecnologias aplicadas na geração de efeitos cinéticos, óticos e eletromagnéticos. Apesar da pluralidade técnica, sua obra possui uma coerência interna, baseada em elementos simples e em um tratamento sintético das formas.

Vânia Mignone (Campinas, SP, Brasil, 1967)
Pintora, gravadora. Partindo da xilogravura, seu trabalho mantém as características da técnica mesmo quando não utiliza madeira. Marcadas por cores intensas, suas criações propõem questionamentos por meio de elementos triviais.

Tatiana Blass (São Paulo, SP, Brasil, 1979)
Transita entre meios como a pintura, o vídeo, a escultura e a instalação, referenciando frequentemente os campos do teatro, da literatura e da música. Ao investigar o esgarçamento da linguagem visual e simbólica, suas obras permitem entrever as lacunas e o desgaste da experiência narrada por discursos e raciocínios convencionais. 

Sobre o MAM São Paulo
Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.

O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, peças de teatro, sessões de filmes e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.

Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.

Serviço:
3ª edição da ArPa Feira de Arte
Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM
Stand INST.3
26 de junho, quarta-feira, pré-abertura para convidados, 13h às 21h
27 a 29 de junho, quinta-feira a sábado, 13h às 21h
30 de junho, domingo, 11h às 19h
Local: Mercado Livre Arena Pacaembu
Rua Capivari, s/n – Portão 23 Pacaembu, São Paulo – SP,  01246-020

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