A 43ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começou nesta quinta-feira (17) e vai até o dia 30 de outubro com cerca de 300 filmes na programação.
Nesta edição, a Mostra exibirá os filmes em cinemas, espaços culturais e museus espalhados pela capital paulista, incluindo projeções gratuitas e ao ar livre.
A edição deste ano exibirá 63 filmes nacionais. Entre eles, o de maior destaque é “A vida invisível”, Karim Aïnouz, escolhido para tentar indicação ao Oscar de Filme Internacional e vencedor da mostra Um certo olhar do Festival de Cannes.
“Babenco – Alguém tem que ouvir a voz do coração”, filme de Bárbara Paz sobre o cineasta Hector Babenco, também merece destaque. O longa levou o Prêmio da Crítica Independente durante a 76ª edição do Festival de Veneza. Ambos serão exibidos na sessão Apresentação especial.
“O Juízo”, suspense sobrenatural de Andrucha Waddington, reúne Fernanda Montenegro, Criolo Lima Duarte e Felipe Camargo.
Enfim, há títulos para todos os gostos. Confira algumas sugestões:
Macabro – Dias 17, 18 e 21 – Terror policial. Na década de 90, dois irmãos são acusados de assassinar oito mulheres, um homem e uma criança de forma brutal na Serra dos Órgãos. Em meio à investigação, o sargento Téo (Renato Góes) percebe que o julgamento da polícia e da opinião pública é fundamentalmente racista, e questiona a condenação de um deles. Baseado na história real dos “Irmãos Necrófilos”. Dirigido por Marcos Prado.
O Amor Dá Voltas – Dias 18, 19 e 28 – Comédia romântica. Imagine se, de repente, você descobre que as cartas de amor que recebeu por meses não eram da sua namorada, mas da irmã dela. Diante da situação, André (Igor Angelkorte) precisa reorganizar seus sentimentos. Dirigido por Marcos Bernstein, o lnga tem ainda Cleo Pires, Klebber Toledo, Juliana Didone e Pablo Sanábio.
Breve Miragem de Sol – Dias 18, 19 e 24 – Drama. Desempregado, Paulo (Fabricio Boliveira) se torna taxista. Ao mesmo tempo em que se reinventa, embarca no universo destes profissionais que ouvem as histórias de inúmeros passageiros e veem de perto a dura realidade de um país em crise. O filme de Eryk Rocha foi exibido no London Film Festival e tem ainda Barbara Colen, de “Bacurau”, no elenco.
Três Verões – Dias 19, 25 e 28 – Drama. A cada verão, entre o Natal e o Ano-Novo, o casal Edgar e Marta recebe amigos e família na sua mansão espetacular à beira-mar. Em 2016, a vida dos ricos anfitriões desmorona e a festa é cancelada. O filme mostra o que acontece então com aqueles que gravitam em torno do casal através do olhar e uma empregada e de um velho patriarca. De Sandra Kogut, o filme tem Regina Casé e Otavio Müller, entre outros.
Carcereiros – O Filme – Dias 19, 20 e 23 – Ação. Derivado da série de sucesso exibida pela Rede Globo, o longa com Rodrigo Lombardi e Kaysar Dadour traz cenas de tirar o fôlego. Na trama, a situação no presídio foge do controle com a chegada de um terrorista internacional e coloca muitas vidas em risco, entre as quais a do o agente penitenciário Adriano. Dirigido por José Eduardo Belmonte, o longa conta ainda com Milton Gonçalves, Tony Tornado, Dan Stulbach, Jackson Antunes, Rainer Cadete, Giovanna Rispoli e Rafael Portugal.
Babenco – Alguém Tem de Ouvir o Coração e Dizer: Parou – Dias 20, 21 e 25 – Documentário. Homenagem ao cineasta Hector Babenco, falecido em 2016, o filme foi premiado no Festival de Veneza, mostra o fim da vida do consagrado diretor e revela como a paixão pelo cinema o ajudou a enfrentar o câncer dos 38 aos 70 anos. Íntimo e tocante, o longa marca a estreia de Bárbara Paz, viúva de Babenco, na direção, e foi feito a pedido do próprio cineasta ao perceber que já não lhe restava muito tempo de vida. As cenas mostram medos, reflexões e memórias de Babenco, além de evidenciar o confronto entre o vigor intelectual e a fragilidade física que marcou sua vida. Tem participação de Willem Dafoe.
Turma da Mônica – Laços – Dia 20 – Infantil. Uma das sensações dos cinemas brasileiros neste ano com mais de 2 milhões de espectadores, o longa é o primeiro em “live action” da turminha que marcou gerações de brasileiros. Na trama, Mônica (Giulia Benite), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira) tentam superar as brigas em nome de uma causa maior: descobrir o paradeiro de Floquinho, o cachorro de Cebolinha, que desaparece. Monica Iozzi, Rodrigo Santoro e Paulo Vilhena fazem participações. A direção é de Daniel Rezende.
Depois a Louca Sou Eu – Dias 21, 22 e 28 – Dani é uma talentosa escritora, mas sofre com crises de ansiedade e sente que está em descompasso com o mundo. Entre sessões de terapia e medicamentos, ela descobre que, na verdade, ela tem algo comum a todas as pessoas: o susto de perceber-se no mundo. Protagonizado por Debora Falabella, o filme de Julia Rezende é baseado no livro homônimo de Tati Bernardi.
O Juízo – Dias 24, 25 e 27 – Suspense sobrenatural. Escrito por Fernanda Torres, que faz sua estreia como roteirista, e dirigido por Andrucha Waddington, o filme tem como personagem principal o atormentado Augusto Menezes (Felipe Camargo), que se muda com a mulher Tereza (Carol Castro) e o filho para a fazenda herdada do avô, atraído pela lenda de que haveria uma fortuna escondida nas terras. Augusto não sabe, no entanto, que ainda circula por ali o espírito de Couraça, traído pela família Meneses, que busca vingança. O cantor Criolo, Fernanda Montenegro e Lima Duarte também estão no longa.
Encarcerados – Dias 24, 27 e 30 – Documentário. Dirigido por Pedro Bial, Claudia Calabi e Fernando Grostein Andrade, o longa foi filmado em oito penitenciárias de São Paulo e revela o trabalho dos carcereiros através de entrevistas com eles, suas famílias e ex-detentos. Alguns dos entrevistados testemunharam momentos marcantes como o massacre do Carandiru. O filme mostra uma realidade brasileira que não chega aos jornais.
Estrangeiros premiados
O sul-coreano “Parasita”, do diretor Bong Joon-ho, venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes 2019, o principal prêmio da competição. Ele conta a história de uma família de desempregados que vivem em um escuro e sórdido apartamento no subsolo, onde convivem com baratas.
O israelense “Sinônimos”, de Nadav Lapid, levou o Urso de Ouro no Festival de Berlim. A história é sobre um expatriado em Paris que deixou Israel devido à situação política. Foi elogiado por seu tom original, sua reflexão sobre identidade e a interpretação do protagonista, Tom Mercier.
Também vale a pena ver o documentário de drama “Honeyland”. Vencedor do Grande Prêmio do Júri na sessão de documentários em Sundance, o filme acompanha a saga da caça a abelhas na Europa
Homenageados
O francês Olivier Assayas e o israelense Amos Gitai vão receber o prêmio Leon Cakoff. “Wasp Network”, de Assayas, abriu sessão para convidados da Mostra nesta quarta (16). O francês foi escolhido por “seu cinema de estética mutável, ao mesmo tempo atento aos sentimentos mais delicados e incômodos dos nossos dias”, diz a organização.
Gitai já teve 41 filmes exibidos no evento brasileiro desde 1996. Segundo a organização, será premiado porque “seu olhar único sobre lugares e memória mostram ao público brasileiro os diversos matizes que que existem em um conflito”.
O Prêmio Humanidade será entregue ao ator e diretor palestino Elia Suleiman. Na mostra, ele apresenta “O paraíso deve ser aqui”, premiado no Festival de Cannes deste ano.