
O corpo da atriz Claudia Jimenez foi cremado na tarde deste sábado, 20 de agosto, no Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, após o velório em que parentes, amigos e fãs puderam se despedir. A intérprete da Dona Cacilda, da “Escolinha do Professor Raimundo”, e de Edileuza, de “Sai de baixo”, morreu no início da manhã, aos 63 anos, no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Ela teve insuficiência cardíaca.
Há 13 anos Claudia vinha enfrentando problemas no coração, que ficou enfraquecido por causa da radioterapia para tratar um câncer no tórax no passado. Na noite deste domingo, 21, após o “Fantástico”, a Globo vai exibir um especial do “Sai de baixo” em homenagem à atriz.
Ex-mulher de Claudia, a personal trainer Stella Torreão usou suas redes sociais para prestar uma homenagem à atriz. “Claudia, amor da minha vida, faria tudo de novo! Você fez muito mais por mim! Cadê nós, meu amor?”, escreveu na legenda de uma imagem, em que se lia: “Passo aqui só pra dizer que ela me alimenta de todas as maneiras, me protege, me ama, me valoriza, me salva! Acreditem, não sei o que fiz para merecer essa pessoa tão maravilhosa em minha vida”.
Claudia e Stella foram casadas de 1998 a 2008, mas, mesmo após a separação, as duas seguiram dividindo a mesma casa. “Ela é a minha alma gêmea. Eu sinto que foi a primeira vez que eu amei e a primeira vez que eu me senti amada. Agora que a gente virou irmã, o amor não termina nunca, uma coisa que só aumenta”, disse a atriz numa entrevista ao “Fantástico” em 2014, quando ainda moravam juntas.
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O ator Rodrigo Phavanello, ex-namorado de Claudia, também lamentou a morte da atriz e escreveu no Instagram: “Gorducha, você veio nessa Terra e virou um dos seres humanos mais incríveis que já conheci! Você cumpriu maravilhosamente sua missão trazendo a sua alegria e nos fazendo rir”, escreveu o artista. Os dois se conheceram em 2007, nos bastidores da na novela “Sete pecados”, em que ela viveu a anja Custódia, e namoraram de abril a outubro de 2008. “Tem uma frase que você sempre me dizia: ‘Ninguém é normal olhando de perto!’. Tenho certeza de que esse foi o teu veredicto sobre essa passagem por aqui! Descanse em paz, minha Anja”. Numa entrevista feita em 2018, Rodrigo disse que acreditava ter sido o primeiro homem com quem Claudia viveu um relacionamento: “Ela sempre se relacionou com mulher, sempre, a vida dela toda. Eu acho que fui o primeiro homem dela. Fui extremamente apaixonado por ela”.
Saúde debilitada
Em 1986, Claudia foi ao médico para tentar curar uma tosse persistente e descobriu que tinha câncer, um tumor maligno no mediastino, atrás do coração. Na época, chegou a ser desenganada. Mas a atriz se curou, e com a ajuda do amigo Chico Anysio.
As sessões de radioterapia, porém, lhe causaram um outro problema de saúde. Os médicos acreditam que o tratamento contra o câncer tenha afetado os tecidos do coração, o que a obrigou a fazer pelo menos três cirurgias nos anos seguintes.
A primeira foi em 1999, para botar cinco pontes de safena; a segunda, em 2012, para a substituição da válvula aórtica por uma outra, sintética; e a terceira, em 2014, para botar um marca-passo.
“Quando eu falo para o meu médico: ‘Ô, radioterapia desgraçada!’, ele fala: ‘Mas se não fosse ela, você já estava há muito tempo lá em cima, né?’. E é verdade. Quer dizer, a gente tem sempre que agradecer em vez de reclamar”, disse Claudia numa entrevista ao “Fantástico” em 2014, meses após a terceira cirurgia. “Maturidade faz você ficar mais bacana. Às vezes, (quando) eu percebo que, internamente, não estou legal, eu vou em busca de alguma coisa que me faça ficar legal. Tem gente que fala assim para mim: ‘Ai, como você é frágil’. Eu falo: ‘Frágil? Eu sou a pessoa mais forte que eu conheço’. Chegam perto de mim e falam: ‘Vamos trocar válvula aórtica’. Eu falo: ‘Ok, vamos’. ‘Vamos fazer cinco pontes de safena’. ‘Ok, vamos’. ‘Botar o marca-passo’. ‘Ok’. Eu faço qualquer coisa para ficar aqui”, afirmou a atriz.
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Carreira
Filha de um cantor de tango e caixeiro viajante e de uma enroladora de bala de coco, Claudia Maria Patitucci Jimenez nasceu no Rio de Janeiro, em 1958. Formou-se no Curso Normal, especializando-se em dar aula para crianças. Em paralelo, dedicava-se ao teatro amador no Tijuca Tênis Clube e logo deslanchou como atriz. A carreira de sucesso inclui participações em 35 programas de TV, entre novelas, séries e minisséries; dez filmes; e sete peças de teatro, além de alguns prêmios.
Em 1978, fez sua estreia no teatro profissional como a divertida prostituta Mimi Bibelô na “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque, ao lado de Ary Fontoura e Marieta Severo. Vendo sua atuação no musical, o produtor Maurício Shermann a levou para a TV Globo. Claudia chegou à telinha em 1979, na série “Malu Mulher”. Na década seguinte, esteve em “Os Trapalhões”, “Viva o Gordo”, com Jô Soares, e na série “Armação Ilimitada”.
Em 1982 iniciou uma parceria com Chico Anysio, ao lado de quem viveu várias personagens, como a ninfomaníaca Pureza e a sádica enfermeira Alda. Mas foi como a atrevida Dona Cacilda, da “Escolinha do Professor Raimundo”, que Claudia ganhou maior destaque.
Entre 1990 e 1995, a aluna Cacilda desconsertou o professor Raimundo (Anysio) com tiradas de duplo sentido. Seu bordão era “beijinho, beijinho, pau, pau”, em referência ao “beijinho, beijinho, tchau, tchau” da apresentadora Xuxa — que inspirava o visual da personagem. Claudia contou ao “Fantástico” que Cacilda foi a personagem que mais amou: “Não propriamente pelo personagem, mas pelo que eu vivi. Foram seis anos de gargalhadas”.
Nesta fase, veio o principal prêmio de sua carreira: como melhor atriz no Festival de Cinema de Brasília de 1991, pelo filme “O corpo”.
Em 1996, outro grande personagem: Edileuza, empregada fogosa e desbocada da série “Sai de baixo”. Mal-humorada e sem papas na língua, Edileuza trocava insultos diários com a turma do Largo do Arouche.
Também em 1996 veio seu grande sucesso no teatro, o monólogo “Como encher um biquíni selvagem”, que o amigo Miguel Falabella escreveu para ela. Em 2014, ao “Fantástico”, a atriz o elogiou: “Acho que a gente veio do mesmo universo. Ele me conhece muito”. Ontem, Falabella usou suas redes sociais para publicar uma homenagem a Claudia: “Fui procurar uma foto para ilustrar essa postagem e me deparei com uma vida. Agora, estou deitado, passando um filme na minha cabeça, tentando me agarrar às tantas gargalhadas que demos, ao prazer de atuar juntos, ao seu único e irreproduzível tempo de comédia.”.
— Ela entrou na minha casa, em um dia de semana, sentou e falou: “As pessoas só acham que eu sou uma palhaça. Escreve uma peça para mostrar que eu sou boa atriz”. Olha o legado dessa garota que venceu todos os preconceitos, todas as dificuldades — lembrou Falabella durante o velório, ontem.
Claudia estreou nas novelas com uma participação especial em “Ti-ti-ti” (1985) e esteve em folhetins como “Torre de Babel” (1998), “América” (2005), “Negócio da China” (2008) e “Aquele beijo” (2011). Em 2014, participou da série “Sexo e as negas”, de Miguel Falabella. Seu último papel na TV Globo foi na novela “Haja coração”, em 2016.