A jornalista Laine Valgas, apresentadora da NSC TV, afiliada da Rede Globo em Santa Catarina, repreendeu a declaração do deputado estadual Jessé Lopes (PSL-SC), que criticou o movimento “Não é não!” e argumentou que o assédio seria um “direito” da mulher, já que “massageia o ego”.
Durante o telejornal “Jornal do almoço”, a apresentadora rebateu a fala do deputado, afirmando que assédio não é um direito, e sim um crime definido por lei.
“Ser assediada não é um direito, é uma triste realidade com a qual as mulheres são obrigadas a conviver por conta do machismo, que torna normal, rotineiro ou até lisonjeiro coisas que constrangem as mulheres, como o assédio, a importunação sexual que, vamos repetir, não é um direito, não é um elogio, não massageia o ego ou satisfaz a vaidade da mulher. É crime, definido por lei. E caso ainda não esteja claro, vamos dizer mais uma vez: inclui a realização de ato libidinoso, de forma não consensual, e também enquadra ações como beijo forçado, passar a mão no corpo alheio sem permissão. Não, nem toda mulher quer ser cantada na rua porque o corpo não é um domínio público”.
A jornalista afirmou ainda que 97% das mulheres já relataram ter sofrido assédio no transporte público no país, e explica que os atos foram cometidos contra a vontade de todas.
“As mulheres relataram que já foram encoxadas, tocadas e receberam cantadas indesejadas. Indesejadas, eu disse, deputado. Significa que elas não desejaram, queriam ou gostaram”.
O vídeo de Laine Vargas, publicado em sua conta oficial do Instagram, já tem mais de 45 mil visualizações. O deputado Jessé Lopes ainda não comentou sobre o posicionamento feito pela jornalista.
Deputado do PSL critica movimento feminista
Em uma publicação no Facebook no último sábado, o deputado estadual Jessé Lopes defendeu o boicote ao movimento feminista “Não é não!”, que luta contra assédio e estupro, especialmente durante o carnaval.
“O movimento coletivo feminista de SC pede doação para confeccionar e distribuir tatuagens com o texto ‘Não é não’ no carnaval de SC, para ‘combater’ o assédio. Não sejamos hipócritas! Quem, seja homem ou mulher, não gosta de ser ‘assediado(a)’?”, pergunta o deputado. “Massageia o ego, mesmo que não se tenha interesse na pessoa que tomou a atitude”, disse o deputado em texto publicado sábado no Facebook.
Lopes também afirmou que o combate ao assédio parece “inveja de mulheres frustradas”.
“Após as mulheres já terem conquistado todos os direitos necessários, inclusive tendo até, muitas vezes, mais direitos do que os homens, hoje as pautas feministas visam (sic) em seus atos mais extremistas tirar direitos. Como, por exemplo, essa em questão, o direito da mulher poder ser ‘assediada’ (ser paquerada, procurada, elogiada…). Parece até inveja de mulheres frustradas por não serem assediadas nem em frente a uma construção civil”, diz ele no texto.