Relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da FAB, divulgado nesta quinta-feira (29), concluiu que falhas de manutenção resultaram na queda do helicóptero que levava o jornalista Ricardo Boechat, de 66 anos, em fevereiro de 2019, na rodovia Anhanguera, na altura do Rodoanel, em São Paulo.
No acidente, morreu também o piloto Ronaldo Quattrucci, de 56 anos, que, segundo o Cenipa, tomou atitudes consideradas erradas durante a operação do helicóptero e não verificou se os instrumentos de bordo estavam funcionando perfeitamente. As atitudes do comandante também contribuíram para o acidente, apontou a FAB.
O documento aponta, em especial, falhas no compressor da aeronave, que não teve nenhuma atualização ou troca completa desde 1988. O compressor estava com peças vencidas no momento do acidente, assim como o tubo de distribuição de óleo da aeronave que ‘”estava com o calendário de troca excedido várias vezes”, diz o Cenipa.
O piloto conseguiu a aprovação técnica pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em 9 de agosto de 2017, quando todo o compressor foi trocado. Porém, diz o documento, 70 dias após essa verificação e aprovação por parte a Anac, o piloto trocou novamente o sistema compressor, sem que isso estivesse sido marcado nos documentos do helicóptero.
“Não foi encontrado nem foi apresentado nenhum registro de revisão geral do compressor desde 1988”, apontou o Cenipa.
Veja fatores que contribuíram para o acidente, segundo o Cenipa:
- Manutenção da aeronave
- Atitude do piloto
- Cultura organizacional da empresa do piloto (que era dono do helicóptero também)
- Indisciplina de voo do piloto
- Julgamento de pilotagem do comandante
- Processo decisório na hora da tragédia
A investigação entendeu que “houve ineficiência, por parte do operador (o piloto), quanto da organização de manutenção, no acompanhamento e na execução dos processos de manutenção” do helicóptero.
![Relatório da Cenipa sobre acidente aéreo com o jornalista Ricardo Boechat aponta falha de manutenção — Foto: Reprodução](https://i0.wp.com/s2.glbimg.com/g_yL1R8_taBeYjIqsq0HDtdzj8s%3D/0x0%3A609x785/984x0/smart/filters%3Astrip_icc%28%29/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2020/N/i/VzBhXfS22YgzCVUQ3tcA/whatsapp-image-2020-10-29-at-16.10.08.jpeg?ssl=1)
Outros fatores que contribuíram para a queda foram o desgaste anormal de algumas peças – o que levou à sobrecarga da aeronave e o rompimento do eixo de ligação do rotor da cauda no momento da queda -, e a indisciplina por parte do comandante, que, segundo a FAB, realizou um voo de táxi aéreo sem ter autorização operacional para isso.
Isso porque tanto o piloto quanto o helicóptero não estavam autorizados a fazer voos de táxi aéreo (com pagamento pelo trajeto).
Carreira
Boechat começou a carreira da década de 1970 e ao longo de 49 anos, passou por emissoras e jornais como “Diário de Notícias”, “O Globo”, “Jornal do Brasil”, “O Estado de S. Paulo”, “O Dia” e Band.