Um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgado ano passado mostrou que quase um quinto da população brasileira é composta por pessoas com 60 anos ou mais. Realizada com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a pesquisa indica que dos cerca de 210 milhões de habitantes do país, 37,7 milhões de brasileiros possuem essa faixa etária.
E, com o avanço da idade, é preciso adotar alguns cuidados, inclusive na moradia. Para este Dia dos Avós, celebrado em 26 de julho, a arquiteta Karla Patrícia, sócia do escritório Norden Arquitetura, em Goiânia, destaca como adaptar a residência desses que por muitos anos ajudaram a zelar pelos netinhos. “A preocupação mais imediata e mais simples de organizar numa casa é a largura da circulação entre móveis e a instalação de barras de segurança nos banheiros. Isso é facilmente alterado sem grandes investimentos”, explica.
Em relação aos móveis, a especialista ressalta que dependendo da mobilidade dos ocupantes do imóvel e da necessidade de auxílio, os móveis devem diminuir, deixando o espaço cada vez mais livre e limpo para circulação. “Evitar móveis muito baixos, com quinas e cantos vivos é uma prevenção necessária, pois com a idade avançada a pele fica muito mais fina e passível de machucados, principalmente se a pessoa tiver diabetes”, detalha.
Sobre a altura da mobília, a arquiteta também dá algumas instruções. “As prateleiras altas são muito perigosas, ainda mais se precisarem ser acessadas através de escadas, bancos e banquetas. Uma das maiores causas de mortes e invalidez de idosos se dá através de quedas”, salienta.
Também para prevenir quedas, Karla Patrícia ressalta os cuidados na área de banho. “Nos banheiros, além das barras no box e próximo a bancada e bacia sanitária, uma boa estratégia é instalar cadeiras ou bancos próprios para banho, pois isso facilita em caso de o idoso passar mal, além de ajudar na higienização das pernas e pés, evitando a perda de equilíbrio e consequente perigo de queda”, afirma.
Pisos
Trocar os pisos de uma casa é algo complicado, que envolve reforma, sujeira e demanda mais tempo, além de gastos maiores. “Uma boa forma de adaptar algumas coisas em casa é o uso de fitas antiderrapantes em locais de transição entre ambientes externos e internos, escadas e rampas. Outra questão importante é indicar onde há degraus com algum tipo de faixa de cor diferente para alertar sobre desnível”, explica Karla Patrícia.
Contudo, para aqueles que optarem por realizar uma obra de adaptação, a arquiteta também tem uma dica. “No caso do usuário poder fazer uma reforma, o piso mais indicado é o acetinado com coeficiente de atrito acima de 0,4. Pois dessa maneira, mesmo que a área esteja molhada, ela não se torna escorregadia”, complementa a especialista da Norden Arquitetura.
Iluminação
Em relação à iluminação da residência, Karla Patrícia lembra que a troca de janelas pode ser muito difícil, mas a troca de lâmpadas geralmente é eficiente. “O ideal é investir em luminárias com mais potência. Uma boa opção são os painéis de led de 30×30 ou 40×40, que tem uma boa potência de luz. Uma temperatura de cor mais neutra com 4000K é mais indicada também, nem branca demais para aumentar o cortisol e nem muito amarelada pois pode dar a sensação de pouca luminosidade”, destaca. Ainda para melhorar a iluminação ela sugere adotar cores claras nas paredes e no teto para rebatimento da luz do dia e da artificial, além de cortinas com opção de blackout e tecido fino claro, assim o usuário escolhe a quantidade de luminosidade.
Dois andares: Para imóveis com dois andares, a arquiteta ressalta que um bom corrimão fixado de forma correta na escada ajuda na sustentação e equilíbrio de quem o utiliza. “Outro ponto é usar fitas adesivas nos degraus, para facilitar a identificação de mudança de nível como uma forma de alerta, mas isso se a pessoa tiver problemas de visão. Se esse não for o caso, adesivos antiderrapantes já auxiliam”, simplifica a especialista que atua em Goiânia.
No entanto, se o idoso possui dificuldades de locomoção, utilizando objetos de apoio como bengalas e andadores, ou mesmo estiver em uma cadeira de rodas, existem duas opções. “Se o idoso for cadeirante, hoje em dia existem elevadores cápsulas que podem ser instalados em pequenos espaços, mas o investimento é grande. Já para os que não tem condições, uma opção é a instalação de um quarto na parte térrea da casa, pois isso facilita o deslocamento. Mas as opções devem ser estudadas caso a caso, dependendo da dinâmica da família”, orienta.